sexta-feira, 29 de março de 2013

terça-feira, 26 de março de 2013

domingo, 24 de março de 2013

barão que dorme
sonha carregar tu-barão
em dia de cardume
                             passar

sábado, 23 de março de 2013

montanha efêmera
desloca se para o chão
quando entediada

Deus criou o mundo em pleno tédio. Destituído de qualquer consciência, ele chorava insatisfeito de ser apenas imóvel e branco, tão parado como a montanha em que criou no Cansaço e alvo feito uma nuvem, que as  vezes imita a forma da montanha. Em uma megalomaníaca tristeza, seus olhos jorravam muito choro e encharcou esse mundo com suas lágrimas. Quando despertou da profunda tristeza, percebeu que havia criado um mundo, mas que faltava reparos. Se olhou no espelho, já não havia desespero , viu olheiras, em gratidão a lembrança da tristeza, trabalhou para que metade do dia fosse como a escuridão da sua olheira. Um mundo novo não precisava de estar parado. Nomeou seu mundo de Cansaço.

quarta-feira, 20 de março de 2013

janela para vertigem
aquela linha entre o céu e o mar
chamada horizonte

-Meu tio, você sabe o que é a poesia?
-Sabia que ela esta em todos lugares?
-Meu tio, é verdade que você é poeta?

Recebo estas perguntas inesperadas e encabuladoras, tão complexas e metafísicas, da minha sobrinha de quatro anos de idade. Penso em uma boa resposta. Vou até a janela do meu quarto e aponto.

- Tá vendo vendo aquela linha entre o céu e o mar? É a poesia chamada: horizonte.

domingo, 17 de março de 2013

Areia, pedra e montanha
Em nada se distingue, se não no grão
mas qual grandeza de extensão?

Se o meu fim é tornar-me um homem muito rico, e para isso deva acumular o mínimo de ouro para  tornar um homem muito rico, um grão é suficiente? e dois? e três? e mil, e mil e um? Qual foi exatamente o grão que me tornou um homem muito rico, diferente de um homem apenas rico ou de absolutamente rico. Qual grandeza por detrás das coisas é capaz de diferenciar cada uma sendo coisas singulares?


quarta-feira, 13 de março de 2013

Monstro das neves

Pretendo refrigerar meu coração
e conservar todo o amor em pedra
Coração de pedra demostra
a amaeça da dor
Serei a avalanche que avança
o que pudemos ser


Há um homem que mora nas montanhas, e quando desce é como uma avalanche, arrancando as árvores, rochas e criando pavor em meras construções humanas. Um homem (não totalmente homem) solitário e temerário. É em parte uma pedra silenciosa que se move subitamente ao vale. Pedra de gelo é o seu coração.
O coração do sábio é congelado pelo frio das montanhas, petrificado pelo tempo. Pelos que ignoram a verdade é o mostro das neves, e não o que mostra a fragilidade das coisas, deslizando tão rapidamente aos locais expostos.
O coração de gelo  não é porque não ama, coração já é amar, mas existem diferentes maneiras de amar. A peculiaridade do gelo é conservar, o sábio pretende deixar as coisas eternas, colocar gelo em cima, manter.

sexta-feira, 8 de março de 2013

domingo, 3 de março de 2013

Maré de lua
Decido o anzol e a isca
J-a-m-a-i-s o peixe

Eu tenho essa voz calma, estranha a muitos, não por ser pacato, é que sou pescador e preciso sobreviver. Sou muito preocupado em não espantar o peixe. Além do silêncio, é o nó exato no azol e a perfeita isca que seduz o peixe, porém jamais pudemos adivinhar qual tipo, seu tamanho e se realmente será pescado, o que podemos é colocar determinada isca que tal peixe come, em uma região conhecida que se dá certo tipo de peixe.
Eu, como todo pescador, sigo os conselhos da lua. Coloco meu anzol na palavra para fisgar um peixe, no início da palavra usada na educação dos éticos, seguido de uma linha náilon esticada.

Ao peixe em meu poder.