sábado, 18 de julho de 2020

Reminiscências que há de vir.


Não é só porque ele se arrasta no chão, que não saiba voar. Assim que desembarquei no fim do cais de pedras que beira o manguezal encontrei você. A hóstia consagrada era a ostra que tinha cortado o meu peito. Meus devaneios me feriam a cada marca passo. O andar pegajoso era muito perigoso, mas ali guardava o segredo do corpo estilhaçado de Cristo. Cheguei de bote salva-vidas na Ilha do Medo. Atraquei como imigrante sem autorização de passaporte, mas com a minha identidade expedida.

sábado, 27 de abril de 2013

quarta-feira, 17 de abril de 2013

moro no morro
montado no tornado
de zorro

Apologia a Origem da Filosofia

Homo sapiens rapsodos
fábula dos deuses gregos
profanação homérica
origem da physis

Homo sapiens sapiens
expressão do daimón
sagração metafísica
origem da salvação

Homo uranus topos
religião de um deus
inspiração cristã
origem da humanidade

Homo cogito sum
técnica da arte
laicização cultural
origem do indivíduo

Homo urinol
arte da arte
projeção eletrônica
origem do líquido

Vale lembrar o que Nietzsche chama atenção sobre a linguística  da palavra sábio, na " A Filosofia na Época Trágica dos Gregos 3.
" A palavra sábio que designa o "sábio" se prende, etimologicamente, a sapio, eu saboreio, sapiens, o degustador, sisyphos, o homem do gosto mais apurado, um apurado degustador e distinguir, um significativo discernimento, constitui, pois, segundo a consciência do povo, a arte peculiar do filósofo."

domingo, 14 de abril de 2013

No mar mergulhou ao nada, restando só a dor
o grande nadador.
Do céu, ofereceu me a primeira explicação do
amortecedor azul.

Esse medo que tenho do mar é a voz vinda do meu pai. Não da sua morte, mas da existência do cabelo guardado no mar, que ainda espuma seu shampoo na onda quebrada e que dói os ouvidos, sentado na praia, afogando-se em mim mesmo e pedindo socorro a minha mãe.

No dia em que meu pai mergulhou do azul oceano pro azul celeste,  subi no pé de araçá e disse saborear aquela fruta plantada ali mesmo no quintal, falei das minhas pretensões de ver o mar todos os dias, mas desde lá tenho só medo da cor azul.

Para meu Pai. 


Mastigar teu corpo manso
é meu acidente canibal
de engolir a vida animal
feito porco espinho.